Desejo é falta
- Rosane Mendonça
- 2 de fev. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 17 de fev. de 2020
O desejo é filho da falta. É marcado por aquilo que não se tem e só é possível se desejar quando não se tem. Pode-se questionar: “mas como é que eu só posso desejar aquilo que eu não tenho?” O desejo ao ficar satisfeito e contente com aquilo que tem se manifestará em outro lugar, desejando outra coisa e em seguida outra e assim por diante. O desejo possui esse aspecto enigmático, ele está sempre escapando. A característica do desejo é a falta e seu movimento é metonímico, sempre deslizando na cadeia significante do sujeito. A satisfação do desejo é impossível, só há satisfação parcial. O sujeito está sempre à procura daquilo que imaginariamente iria preencher a sua falta, garantindo sua satisfação plena. Por isso o neurótico que resiste à castração, à aceitação da própria falta, da sua incompletude, está sempre em busca do objeto perdido, daquele objeto que se acoplaria a ele deixando-o completo. Seu discurso é pautado pelo “quando”. “Quando eu obtiver tal objeto ficarei satisfeito e feliz”. Doce (ou amarga) ilusão! Ficará eternamente na falsa expectativa de satisfação, procrastinando a possibilidade de uma satisfação parcial hoje, de uma realização possível do desejo. Freud dizia que uma análise seria a possibilidade de se transformar a miséria neurótica do sujeito numa infelicidade comum.
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